O mercado financeiro tem diversificado suas ofertas de crédito para atender perfis cada vez mais segmentados da população. Entre as novidades que ganharam destaque nos anos 2000 está o empréstimo consignado CLT. Com taxas mais competitivas que o crédito pessoal tradicional, esse tipo de crédito tem chamado a atenção de quem busca uma solução financeira segura.
Mas com as mudanças recentes, será que continua valendo a pena?
Acompanhe o texto até o final para saber se o Crédito do Trabalhador continua a representar vantagens para quem contrata!
Quais foram as mudanças no empréstimo consignado CLT?
No início de 2025, uma medida provisória alterou a Lei nº 10.820/2003 e criou um novo crédito consignado privado.
As principais mudanças foram:
Ampliou o acesso: o novo empréstimo consignado CLT passou a permitir que trabalhadores formais, como os trabalhadores rurais e domésticos, além dos microempreendedores individuais (MEI), passassem a usar o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital para solicitar empréstimos em condições ainda mais favoráveis.
Eliminou a obrigatoriedade de convênios: anteriormente, as empresas eram as responsáveis por fechar convênios com instituições financeiras, que determinavam valores, prazos e taxas, em uma relação entre três partes. O contrato era fechado entre o trabalhador e o banco, e a empresa ficava responsável por realizar o desconto na folha de pagamento.
Atualmente, o trabalhador fica livre para escolher o banco, sem passar pelo empregador.
Apesar das vantagens significativas, como toda mudança, o novo consignado CLT tem exigido a adequação das instituições financeiras, estimulado dúvidas entre os usuários.
Será que empréstimo para CLT vale a pena?
O que é o empréstimo para CLT na prática?
É uma modalidade de crédito oferecida a trabalhadores formais, que costuma oferecer condições mais vantajosas do que aquelas disponíveis para trabalhadores informais ou autônomos. As taxas de juros são as menores do mercado.
O principal motivo é o menor risco para a instituição financeira, já que a renda do trabalhador formal é considerada mais previsível e o desconto é realizado diretamente na folha de pagamento pelo empregador.
O empréstimo obedece a uma margem consignável, o que evita liberações que ultrapassem sua capacidade de pagamento. Isso ajuda a manter o controle sobre o orçamento e reduz as chances de inadimplência.
Diferenças em relação a outros tipos de crédito
Embora o empréstimo para CLT compartilhe algumas características com outras modalidades de crédito, ele se destaca por aspectos específicos relacionados ao vínculo empregatício do tomador.
A seguir, explicamos como ele se diferencia das opções mais comuns no mercado:
- Crédito pessoal comum:
Essa modalidade é voltada ao público em geral e pode ser contratada por qualquer pessoa, independentemente do tipo de vínculo de trabalho. A desvantagem está nas taxas de juros, que são consideravelmente mais altas, já que o risco de inadimplência é maior.
Além disso, o processo de aprovação costuma ser mais rigoroso, com maior exigência de comprovação de renda, análise de crédito e histórico financeiro. O crédito para CLT, por outro lado, utiliza o vínculo formal de trabalho como uma “garantia implícita” de renda recorrente, facilitando a liberação do valor solicitado.
- Empréstimo com garantia:
Nesta modalidade, o tomador oferece um bem como garantia — geralmente um imóvel ou um veículo — o que permite a negociação de taxas muito mais baixas. O grande diferencial está no risco: caso o cliente não consiga quitar a dívida, ele pode perder o bem dado como garantia.
No caso do empréstimo para CLT, não há um bem físico envolvido como garantia, mas sim a previsibilidade da renda mensal do trabalhador, o que também gera condições atrativas sem o risco de perder patrimônio.
- Cartão de crédito rotativo ou cheque especial:
Embora tecnicamente não sejam modalidades de empréstimo, são recursos amplamente utilizados por quem precisa de crédito rápido. No entanto, ambas as opções têm as maiores taxas de juros do mercado e, se usadas sem controle, podem levar ao endividamento em pouco tempo.
Nesse contexto, o empréstimo para CLT surge como uma alternativa mais inteligente e sustentável, com taxas mais baixas e prazos mais adequados para pagamento.
Agora que você já conhece os termos comparativos, que tal saber objetivamente as vantagens do empréstimo para CLT?
Quais as vantagens do empréstimo para CLT?
Essa modalidade de crédito possui diversas vantagens atrativas para os trabalhadores formais, especialmente quando comparada a outras opções disponíveis no mercado. A seguir, destacamos os principais benefícios:
Taxas de juros mais baixas
Como o trabalhador CLT tem uma fonte de renda fixa e contínua, os bancos e instituições financeiras percebem menos risco de inadimplência. Isso permite a oferta de taxas de juros mais competitivas em relação a outras linhas de crédito, como o crédito pessoal ou o rotativo do cartão.
Em muitos casos, as taxas podem ser até 50% menores do que aquelas praticadas em modalidades sem garantia. Esse fator é crucial para quem deseja economizar no custo total do empréstimo.
No caso do novo Crédito do Trabalhador, o governo optou por não limitar as taxas. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, está operando com taxas entre 1,60% e 3,17% ao mês, de acordo com a análise de crédito do trabalhador.
O governo pretende que as taxas fiquem em torno de 2,5% a 3% ao mês.
Aprovação simplificada
Para quem tem carteira assinada e um histórico financeiro razoável, a aprovação do crédito costuma ser mais ágil, e pode variar entre 1 e 5 dias úteis. Até o momento, o processo todo acontece via aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, mas os bancos estão em processo de adaptação e em breve prometem trazer o novo empréstimo para CLT para seus canais digitais.
Em comparação com o crédito pessoal comum, que exige uma análise mais detalhada e muitas vezes documentação extensa, o empréstimo para CLT pode ser liberado com menos burocracia e em prazos mais curtos.
Parcelas extendidas
Outra vantagem importante é a possibilidade de negociar prazos mais extensos para pagamento. Em vez de quitar o empréstimo em poucos meses, o trabalhador CLT pode optar por um parcelamento que se encaixe melhor no seu planejamento financeiro. Prazos maiores permitem parcelas menores, o que reduz o impacto mensal no orçamento e ajuda a manter a saúde financeira ao longo do tempo.
Ao contrário de linhas de crédito rotativo, como o cartão ou o cheque especial, o empréstimo para CLT possui parcelas fixas e um prazo definido. Isso permite ao tomador ter mais previsibilidade sobre o valor das prestações e o tempo total de endividamento, o que facilita o controle das finanças.
Comparado ao crédito pessoal comum
Enquanto o crédito pessoal tradicional pode apresentar juros superiores a 8% ao mês, o empréstimo para CLT tende a oferecer condições muito mais vantajosas.
A combinação entre juros menores, maior facilidade de aprovação e prazos mais flexíveis faz dessa modalidade uma das mais acessíveis para quem tem carteira assinada.
Além disso, a previsibilidade de renda do trabalhador formal atua como uma espécie de “garantia indireta” que reduz o risco percebido pelas instituições financeiras.
Os desafios do crédito para CLT
Apesar dos benefícios, é essencial ter atenção às regras e limitações do novo empréstimo para CLT para ter certeza de que esta é a melhor opção para o seu atual momento.
Data de admissão
Embora o vínculo formal de trabalho seja um diferencial positivo, nem todos os trabalhadores CLT conseguem acessar essa linha de crédito com facilidade.
O trabalhador precisa estar elegível. A data de admissão para contratação é de 9 meses, mas o governo estuda aumentar para 12 meses.
Perfil do colaborador e do CNPJ
Na análise de crédito, tanto o perfil do colaborador quanto o da empresa são estudados. Pessoas que mudaram muitas vezes de empresas nos últimos anos, e empresas que não recolhem o FGTS dos funcionários acabam não sendo aprovadas.
Além disso, quem tem um histórico de inadimplência ou está negativado pode enfrentar dificuldades para conseguir aprovação, mesmo com carteira assinada.
Limite da margem consignável
Mesmo com taxas de juros mais atrativas e prazos estendidos, o empréstimo para CLT representa um compromisso financeiro que deve ser planejado com cuidado. As parcelas mensais podem parecer pequenas, mas comprometem parte do salário, o que afeta diretamente a capacidade de pagamento de outras despesas fixas.
Para evitar que isso aconteça, o novo empréstimo para CLT opera com margem consignável de 35%. Ou seja, caso o trabalhador já tenha um contrato de consignado ativo, e já tenha comprometido até 35% do seu provimento, não será aprovado.
Por exemplo:
Um trabalhador CLT recebe um salário líquido de R$3.000,00 por mês.
Cálculo da margem:
35% de R$ 3.000,00 = R$ 1.050,00
Ou seja, esse trabalhador só pode comprometer até R$1.050,00 por mês com empréstimos consignados.
Se ele já tem um empréstimo ativo que consome, por exemplo, R$700,00 mensais, ele ainda tem R$350,00 de margem disponível.
Se já estiver usando os R$1.050,00, não poderá contratar um novo consignado até que libere parte dessa margem.
Risco de desemprego
Em caso de demissão, o trabalhador continua responsável pelas parcelas, mas agora sem a segurança de uma renda fixa.
Uma boa notícia, por outro lado, é que, em caso de demissão sem justa causa, é possível utilizar 100% da multa rescisória, e 10% do FGTS, para pagar um empréstimo consignado CLT. O desconto é feito sobre as verbas rescisórias, respeitando o limite legal.
Nos casos de desligamento voluntário do trabalhador, as parcelas podem ser descontadas de até 35% das verbas rescisórias - como saldo de salário, aviso-prévio e férias vencidas - para diminuir a dívida, e as parcelas restantes do consignado podem ser cobradas diretamente na conta do trabalhador ou por meio de boletos bancários.
Vale a pena pegar um empréstimo para CLT?
Quando faz sentido contratar?
O empréstimo para CLT pode ser uma boa alternativa em algumas situações:
- Quitar dívidas mais caras, como cheque especial ou cartão de crédito.
- Investir em educação, cursos ou qualificação profissional.
- Custear despesas emergenciais sem recorrer a opções mais onerosas.
Para quem não vale a pena?
- Quem está em um emprego instável ou sob risco de demissão.
- Trabalhadores que já têm um alto comprometimento da renda com dívidas.
- Pessoas que desejam o crédito para gastos supérfluos, sem planejamento financeiro.
O empréstimo para CLT pode ser uma solução financeira interessante para trabalhadores com carteira assinada, especialmente quando utilizado de forma consciente. No entanto, é essencial avaliar os riscos e garantir que o crédito não comprometa a saúde financeira. Comparar taxas, utilizar simuladores e planejar o pagamento são passos fundamentais para tomar a melhor decisão.