A revisão do PIB de 2023, divulgada recentemente pelo IBGE, trouxe novas perspectivas para o cenário econômico do país, especialmente em relação ao salário mínimo de 2025. Com a correção do crescimento econômico, de 2,9% para 3,2%, o valor do salário mínimo deveria subir para R$ 1.525,00, caso a fórmula de correção atual fosse mantida.
No entanto, o governo propôs uma limitação desse aumento, estabelecendo um reajuste máximo de 2,5% acima da inflação, o que resultaria em um valor de R$ 1.515,00 a partir de janeiro do próximo ano. A seguir, veja a proposta e como é calculado o salário mínimo.
Como é calculado o salário mínimo?
O cálculo do reajuste do salário mínimo leva em consideração dois fatores principais: a inflação dos últimos 12 meses, medida pelo INPC, e o crescimento do PIB nos dois anos anteriores. Com o crescimento do PIB revisado para 3,2% e a inflação projetada em 4,66%, o salário mínimo inicialmente seria de R$ 1.525,00.
No entanto, a proposta do governo visa restringir esse aumento real (acima da inflação), o que pode resultar em uma redução de R$ 10 no valor final, impactando diretamente trabalhadores e aposentados.
A principal mudança proposta pelo governo é a limitação do reajuste do salário mínimo, com um teto de 2,5% a mais do que a inflação. Caso seja aprovada pelo Congresso, essa medida reduziria o valor estimado do salário mínimo de R$ 1.525,00 para R$ 1.515,00, uma diferença de R$ 10 por mês. Esse ajuste também resultaria em uma economia de R$ 4 bilhões com gastos públicos relacionados a benefícios sociais e aposentadorias, o que é uma tentativa de controlar o orçamento do governo.
Consequências para os trabalhadores e beneficiários
Essa limitação do reajuste pode trazer consequências econômicas consideráveis. Embora o governo busque economizar, essa redução no valor do salário mínimo afetará diretamente o poder de compra de muitos brasileiros, incluindo aposentados e beneficiários do BPC. Aproximadamente 59,3 milhões de pessoas dependem do salário mínimo como referência, e a diminuição no seu poder de compra pode agravar as dificuldades financeiras dessas famílias.
Além disso, a medida poderá resultar em uma redução de R$ 109,8 bilhões no orçamento público, contribuindo para o cumprimento da meta de cortes de R$ 327,1 bilhões estabelecida pelo governo. Porém, isso também pode gerar pressão sobre serviços essenciais e programas sociais, afetando diretamente a qualidade de vida dos cidadãos.
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Entenda como funciona o arcabouço fiscal
A proposta de limitar o reajuste do salário mínimo está inserida no contexto do arcabouço fiscal, um conjunto de regras fiscais implementado em 2023 que visa equilibrar as contas públicas. Ao controlar o crescimento das despesas, o governo busca evitar o aumento do endividamento público e conter a inflação. No entanto, sem ajustes, há riscos de cortes em áreas essenciais, como saúde e educação, o que pode prejudicar ainda mais a população.
A revisão do PIB de 2023 foi uma oportunidade para ajustar o salário mínimo, mas a proposta de limitação do reajuste reflete uma tentativa do governo de controlar os gastos públicos, ao mesmo tempo que busca preservar o equilíbrio fiscal. Ainda que essa medida possa gerar economia, é fundamental considerar seus impactos no poder de compra da população e nas finanças dos trabalhadores e aposentados. O que está em jogo é o equilíbrio entre cortar despesas e manter a qualidade de vida dos brasileiros.